sábado, 9 de maio de 2009

PÔR DO SOL

É quando menos se espera que as coisas acontecem.
É quando se pensa viver no Paraíso que o mundo vira.
É quando tudo é certo que perdemos todas as certezas
É quando perdemos as certezas que sentimos medo.
É quando sentimos medo que damos valor ao que temos.
Mas por vezes só sentimos medo tarde de mais.
Por vezes damos tudo por tão garantido
Que não notamos quando o mundo dá a volta,
Que não percebemos que alguém se vai embora.

E agora já é tarde de mais.
No profundo infinito do esquecimento
As palavras já rolam sem sentido.
Porque não soube eu proferi-las mais cedo?
Porque não as consigo dizer agora?
Porque te vejo afastar cada vez mais
Sem te conseguir nunca alcançar?

Porquê que, cá dentro, ainda espero por ti?
E é no fim do dia,
Enquanto vejo o pôr-do-sol,
Que me arrepio
E tomo consciência
Que eu sou a única culpada
De finalmente se ter extinguido a luz do meu farol....

quinta-feira, 26 de março de 2009



Bates nas rochas,
Fazes a areia chorar
Não paras um segundo,
Não deixas a praia descansar.

O que queres dela?
Ouvi dizer que namorar.
Mas a praia não te deixa,
Não te deixa levá-la
Para o fundo do mar...

No entanto, tu sofres.
Pois de cada vez que a beijas,
Levas um bocado seu.
Pois de cada vez que a deixas,
Deixas também um bocado teu.

domingo, 25 de janeiro de 2009


Tudo gira à minha volta... Já não sei de que lado estou, já não sei para onde vou, já não sei para onde hei-de ir. Já não tenho certezas. O meu mundo virou, já não conheço ninguém como costumava... Já não me conheço a mim.

Nada é igual. Já não há branco nem preto, já não há lados separados, já não há linhas direitas pelas quais eu me possa orientar. E assim, desnorteada, desorientada, já não sei qual é o Norte, se é que ele existe, se é que alguma vez existiu. Já não sei onde parar para descansar, porque já não o posso fazer.

Caminho, mas não presto atenção ao caminho. Já estou perdida, de nada vale. Tropeço em todas as pedras. Já estou caída, já não importa. Mas ainda assim tenho de estar atenta... No meio da minha busca pelo nada, encontro ainda muitos obstáculos. Bonecos perdidos mas que pensam conhecer o caminho de volta, besouros irritantes que enchem os meus ouvidos com o seu bzzz constante, pensando que serve de alguma coisa, pedras afiadas que desgastam as solas dos meus sapatos até já sentir toda a estrada. Sangue como eu que me atira às poças e se ri com isso.

Mal eles sabem que eu já escolhi. Já fiz a minha escolha, e terei de a seguir até ao fim. Mesmo que me leve por caminhos desconhecidos, mesmo que não seja a melhor. Aceitarei as consequências, e superarei os obstáculos. Mas quando tiver chegado ao destino, não haverá mais bonecos, não haverá mais mosquitos, não haverá mais sangue. A todos ignorarei, pois já não me poderão magoar. E aí, sim, cumprirei o meu objectivo: sozinha ou não, serei feliz.